domingo, 28 de abril de 2013

TR1: Entrevista McLuhan


Marshall McLuhan era um desconhecido no mundo acadêmico até o lançamento de seus dois livros: A Galáxia de Gutenberg (1962) e Understanding Media (1964), que alavancaram sua carreia e expôs ao mundo suas teorias. Embora muitos achem seus livros difíceis de entender e com alusões literárias e históricas misteriosas, eles deram ao autor o título de best-seller. Ele afirma que todos os meios - por si mesmos, independentemente das mensagens que comunicam - exercem uma influência irresistível sobre o homem e a sociedade. Comparando o homem pré-histórico com o homem atual, ele classifica as inovações tecnológicas como uma extensão dos sentidos humanos, que sempre foram a nossa forma de compreender e sentir o mundo ao nosso redor. Mesmo a entrevista não sendo recente, não podemos classificá-la como desatualizada, pois se encaixa facilmente nos padrões de vida que presenciamos atualmente. De acordo com McLuhan, houveram três inovações tecnológicas fundamentais: a invenção do alfabeto fonético, a introdução de tipos móveis e a invenção do telégrafo. Essas invenções acabariam restaurando o equilíbrio sensorial humano. Na entrevista ele diz não possuir ponto de vista fixo, estando assim aberto para seguir os caminhos do conhecimento e revelar o que quer que ele descubra de inovador. Seguindo a linha de olhar por tudo e não apenas o objetivo de sua pesquisa, ele tenta estudar várias áreas de conhecimento a fim de se aprimorar e alcançar seus propósitos. Algumas de suas palavras na entrevista causaram grande impacto psicológico, e fizeram muitos - inclusive eu - refletirem sobre a nossa situação. McLuhan afirma que na sociedade atual, muitos possuem "postura de avestruz", o que se refere à alienação das pessoas quanto ao meio em que vivem. Hoje, possuímos diversos meios de comunicação e tecnologias jamais sonhadas por nossos antepassados, e com essa revolução tecnológica foi crescendo também o capitalismo na cultura mundial, nos fazendo adquirir tecnologias e bens de consumo que muitas vezes nem sabemos para que vamos usar, somente por estes incluírem bluetooth. Segundo o autor, o sistema nervoso central parece instituir um entorpecente de proteção dos nossos sentidos, isolando-os e anestesiando-os da consciência do que está acontecendo a eles - o denominado auto-hipnose de Narciso narcosis. Por isso, a maioria das pessoas não percebem o meio a sua volta. Ele afirma ainda que é o próprio meio que é a mensagem, não o conteúdo. Outra citação bastante intrigante do autor é quando ele afirma que o ser humano vê o mundo como num espelho-retrovisor. Acredito que o que o autor quis dizer é que, na maioria das vezes, é mais confortável para as pessoas analisarem o passado que as precedeu do que sua situação atual e a previsão do que seus atos estão deixando para as novas gerações. E se pararmos para analisar as ações dos nossos antepassados, sempre remetem a períodos anterior a eles mesmos, buscando neles soluções para cada período. Nos tempos atuais, onde a tecnologia e a informação-relâmpago são a segurança das pessoas, a necessidade de sairmos desse "transe" ocasionado pela comodidade é fundamental. Assim, temos a oportunidade de apreender, prever e influenciar as forças ambientais que moldam-nos - e, assim, recuperar o controle de nossos próprios destinos. Os novos meios eletrônicos uniram o planeta em uma aldeia única, decorrente da grande massa de informações que a internet nos proporciona, além de estarem intimamente conectando todos e os proporcionando um estilo de vida que não os permite escolher entre a mídia ou a alienação, pois estão imersos nesse meio. Em todos os cantos estão presentes meios de comunicação, tais como os citados por McLuhan a alguns anos atrás, o que nos leva a pensar que talvez nós não tenhamos progredido tanto, apesar da continuidade de invenções e tecnologias novas presentes no nosso dia a dia. Mas o principal questionamento que esta entrevista nos instiga é, se estamos imersos num transe de alienação e uso inconsciente dos meios a nossa volta, o simples fato de nos atentarmos a isso é suficiente para nos libertarmos? Acredito que com as tecnologias atuais, necessitamos da adaptação e comodidade que nos são proporcionados, até porque não adianta "nadar contra a maré". Se o mundo se atualiza e invenções são criadas como facilitadoras dos meios de produção e vivência, porque não utilizarmos disso para nosso próprio crescimento e para mudarmos o meio em que vivemos? Mas o grande diferencial entre um "zumbi" que está apenas imerso no mundo a sua volta e um ser ativo é a capacidade de visão dos problemas e situações do presente e a necessidade de mudanças para o futuro. Sempre é preciso estar aberto ao mundo a sua volta. Mesmo a educação voltada ao passado sendo importante para a percepção e compreendimento do meio, há a necessidade de análise crítica, sim, dos métodos e das consequências que essa educação nos proporciona, como o falso conforto que sentimos quando conhecemos algo. Mas nem tudo que foi descoberto é a única informação que existe, por isso sempre temos que estar atentos, pois o meio que a informação percorre pode ser mais valioso que a própria informação, e muitas vezes passamos por ele sem perceber. Na aldeia tribal dos nossos antepassados, a comunicação se dava pela oralidade, e seu aproveitamento era mínimo em relação a todo o meio em que eles viviam, mas hoje todos somos a fonte que gera, transmite e recebe informações, as vezes até mesmo o próprio meio.


Camila Catherine.

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